sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Viva a revolução na tunísia e no Egito - Nota da Executiva Nacional do PSOL

A derrubada do ditador Bem Alí da Tunísia tem sido o primeiro e maior triunfo democrático deste novo ano. A corrupção, o totalitarismo do regime, o desemprego e a inflação são os motores da revolução laica e democrática que começou no final de 2010 na Tunísia e que não se encerrou. Agora, ela continua em dois sentidos: contra os vestígios do velho regime e as manobras que os políticos do mesmo fazem para deter o processo democrático e se espalhando para os outros países árabes que também têm regimes autocráticos como o norte da África: Jordânia, Iêmen, além das ruas do Egito, o país mais importante do Norte da África. Lá onde as mobilizações mais crescem, desafiando o mais imponente regime autocrático da região. Tudo está mudando no norte de África com a revolução democrática em curso. Tremem os governos que até o momento foram pilares fundamentais da política dos Estados Unidos e Europa para manter o domínio no norte da África e no Oriente Médio. O Egito tem cumprido um papel inestimável – desde os acordos de Camp Davis 1978 – para frear a causa Palestina e impedir que triunfe sua heróica resistência. Também sua colaboração foi chave para a invasão norte-americana no Iraque.

O PSOL se coloca ao lado do povo da Tunísia apoiando a revolução que nasce das reivindicações democráticas, contra a repressão policial e a situação econômica de crise que domina a região – que é hoje o ponto mais alto da crise econômica mundial- e que tem provocado altos índices de desemprego.

A juventude tem jogado um papel principal. Não por acaso o estouro ocorreu no dia 17 de dezembro, quando Mohamed Bouazizi, um desempregado universitário de 26 anos, se auto-incendiou como protesto contra a crise. Esta grande revolta, que custou a vida de dezenas de jovens que por ela deram seu sangue, na qual está participando um amplo setor da população, de intelectuais e de movimentos democráticos não se contenta apenas com a saída de Bem Alí. O povo mobilizado na rua com coragem e muita luta provou que é possível ganhar de uma autocracia. Vivemos um novo processo na Tunísia, já que os trabalhadores e o povo arrancaram as camisas de força que os detinham e vão lutar por democracia, trabalho e salários, e terão de enfrentar a dependência do FMI e dos capitais estrangeiros.
A Tunísia é expressão de um processo revolucionário que pode atingir todo o mundo árabe e derrubar outros regimes autocráticos, mas também abrir uma nova situação para a heróica luta palestina. O PSOL coloca-se ao lado desta nova revolução, que está sendo um exemplo para novas conquistas democráticas no mundo.

Viva a revolução na Tunísia e as mobilizações no Egito!

Comitê Executivo do PSOL, Brasília, 27 Janeiro

Um comentário:

  1. Há dois lados neste processo: a revolução democrática nos países islâmicos, o que é salutar e digno de reconhecimento; o fato de que estas revoluções podem estar sendo engendradas por razões geopolíticas do imperialismo norte-americano/europeu. A hipótese não é destituída de sentido. Vários analistas do mundo árabe e/ou islâmico já apontavam desde o início da Era Bush II (o filho) que a grande região que compreende o mundo islâmico da África Norte-Ocidental até o Paquistão é estratégica para os propósitos dos EUA e União Europeia. O que impedia então o avanço das influências deste bloco: os regimes políticos teocráticos da região. Não é estranho que tão prontamente, EE.UU. e UE tenham reconhecido e até auxiliado os recentes processos revolucionários nesta região?
    Todavia, não afirmo que era melhor como estava. Apenas, ressalvo que a questão tem que ser vista com cuidado. Não sei se os novos governos destes países serão tão simpáticos assim à Causa Palestina.

    ResponderExcluir