segunda-feira, 23 de abril de 2012

Prometeu? Ganhou votos? Agora te vira meu caro...


Tenho acompanhado com certa atenção as cobranças populares  que alguns políticos da cidade têm sofrido por algumas de suas medidas, bem como, tenho acompanhado as respostas, ou a falta delas, por parte destes políticos.

Confesso que as tais medidas impopulares, como viagens para a Europa com dinheiro público e votações favoráveis a projetos indigestos para o povo não me surpreendem. Não me surpreendem porque não tenho nenhuma vinculação, nem esperança com tais políticos.

Se as tivesse, particularmente, não seria filiado ao PSOL, nem colocaria meu nome à disposição para concorrer em nenhuma eleição. Se sou filiado e aceito indicações para concorrer é porque tenho profundas diferenças políticas com os projetos e candidatos que atualmente alcançam índices eleitorais elevados.

O que às vezes me surpreende é que determinados políticos continuam a debochar da percepção da parcela da população que acompanha atentamente determinados momentos da política. Assim como me surpreende o fato de tais políticos terem a cara de pau de ficarem indignados com as cobranças que sofrem.

Ora, os políticos tradicionais, nos períodos eleitorais, são as pessoas mais acessíveis do mundo, são simpáticas com todos, acenam, abraçam, perguntam pela saúde do seu parente, são favoráveis a praticamente todas as causas e categorias de trabalhadores, montam um circo para fazer campanhas milionárias e com isso acabam recebendo muitos votos.

Nada poderia ser mais natural, ainda mais em tempos em que temos a excelente ferramenta da internet para nos comunicarmos de maneira mais fácil e rápida, que os eleitores perguntem aos seus escolhidos sobre as suas medidas, e os cobrem em caso de não estarem de acordo.

As cobranças dos eleitores são mais justificáveis ainda em alguns casos. Há inúmeras situações em que ocorrem verdadeiros estelionatos eleitorais ou zombarias com o bom-senso. Um Vice-Prefeito viajar para a Europa no exato momento em que milhares de servidores municipais reivindicam reajuste para ganhar um pouco mais que o salário mínimo é uma grande zombaria, uma barbaridade. 
Um cidadão que se elege com discurso popular, em defesa dos trabalhadores não tem o direito de não querer ser cobrado por pessoas que trabalham e reivindicam um reajuste digno nos seus vencimentos.

A melhor maneira que temos para mudar a situação política é participar cada vez mais, debater cada vez mais, acompanhar e se informar cada vez mais. Não esqueçamos também que é fundamental não esquecer. A cada dois anos temos eleições, voltam os discursos vazios, sem programa e sem ideias, voltam as campanhas milionárias, os sorrisos, as simpatias e as promessas. Que da próxima vez não passem!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sobre a polêmica das sacolas plásticas


O debate sobre a preservação do meio ambiente vem tomando proporções cada vez maiores. As catástrofes naturais estão sendo cada vez mais associadas ao modo de produção e ao estilo de consumo. Muitas pessoas, organizações e empresas que historicamente não se importaram com o meio ambiente e com a sustentabilidade estão se tornando adeptos da ideia da preservação ambiental.

Tenho a impressão de que o “giro ambientalista” de algumas grandes empresas tem que ser observado mais de perto. A causa comove uma parcela cada vez maior da população. Os empresários enxergam a população como consumidores, se uma empresa tem responsabilidade ambiental, tem uma tendência a atrair um público, normalmente seletivo pelas questões ambientais e de maior poder aquisitivo. O que acaba acontecendo é a criação de um comércio verde, um comércio ambientalmente responsável, pelo menos na teoria.

O tema do uso de sacolas plásticas em supermercados é notável. Há poucos dias, no Estado de São Paulo, os supermercados deixaram de disponibilizar sacolas plásticas nos caixas. Como os clientes dos supermercados obviamente precisam de algum recipiente para transportar suas compras, cria-se um problema. Os donos de supermercado imediatamente resolveram este problema: colocaram a venda sacolas de pano em seus supermercados. Em uma semana, apenas uma loja de um hipermercado, vendeu nada menos que 10 mil sacolas de pano.

O objetivo do não oferecimento de sacolas plásticas nos caixas pode até parecer ser a redução na produção de lixo doméstico. Opino que de fato, parece. A verdade é que os supermercados terão um grande faturamento com a venda de sacolas de pano. E este é apenas um lado do problema. O outro lado é justamente o problema ambiental, teoricamente a justificativa maior para a extinção das sacolas plásticas.

A gigantesca maioria, senão a totalidade da população, reutiliza suas sacolas plásticas do supermercado como saco de lixo. Ao menos as sacolas plásticas de tamanho médio, em geral, são totalmente reutilizadas com este objetivo. As sacolas de grande porte também são amplamente reutilizadas, aqui no Rio Grande do Sul, para guardar o ventilador no inverno e o cobertor no verão, por exemplo. As únicas sacolas plásticas que não são reutilizadas ou são de difícil reutilização são as de pequeno porte.

O problema posterior à inexistência de sacolas plásticas nos supermercados é a falta de sacos de lixo, ou a falta de sacolas para armazenarmos alguma coisa em nossas residências. Qual a solução mais comum para este problema? A compra, no mesmo supermercado que não oferece sacolas plásticas para carregar as compras, de sacolas plásticas para armazenar o lixo. Quem acaba ganhando com esta situação são os empresários dos supermercados e os produtores de sacolas plásticas, os primeiros vão vender mais sacolas de pano e sacos de lixo e os últimos comercializarão ainda mais o seu produto.

Desta forma, sequer o problema ambiental é resolvido ou minimizado, visto que muitas das sacolas plásticas comercializadas como sacos de lixo têm um tempo de decomposição igual ao das sacolas de supermercado, gerando um impacto ambiental igual ou parecido.

A solução dos problemas ambientais, ou a existência de um nível de consumo sustentável, não passam apenas pela retirada das sacolas plásticas dos caixas de supermercado. Passam por um longo processo de educação ambiental, pela existência de políticas públicas eficazes no combate á poluição, pela fiscalização rígida de todas as atividades poluentes e principalmente pela atuação da população como agente transformador de suas relações ambientais.