sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ainda sobre "famosos engajados"

A notícia do encontro de Luciana Genro e Wagner Moura me fez lembrar de algumas conversas que já tive sobre o tema do engajamento dos famosos no Brasil.

O Wagner Moura mesmo é um caso raríssimo. Tive a oportunidade de assistir uma entrevista com ele dia destes. De fato, conforme relata nossa Deputada, ele acompanha as questões sociais, a política, tanto que conhece e admira a Luciana.

Infelizmente os exemplos de famosos engajados são muito poucos. Em outro programa de entrevistas assisti vários artistas comentando entre a diferença de engajamento de famosos nos anos 70 e 80 e os nossos tempos. Todos eles concluiram que "esta fora de moda" o engajamento, algo profundamente lamentável na minha opinião.

Eu sempre prestei atenção neste tema, me agrada e muito o fato de termos artistas engajados. Neste sentido sempre tive na Banda O Rappa uma referência, pelos que tratam nas letras das músicas e pelo seu certo engajamento extra palco.

Embora O Rappa tenha se modificado significamente após a saída do Marcelo Yuka (que hoje inclusive é filiado ao PSOL), acredito que ainda seja um grupo que trata de temas importantes, e que consegue espaço para estes temas, trazendo pessoas que nunca pensaram sobre os reais motivos da violência urbana, por exemplo, à reflexão.

Outro famoso engajado que nos orgulha muito ter vindo para o PSOL foi o ganhador do BBB Jean Whilis. Homossexual assumido, aproveitou toda a sua exposição pública para divulgar suas bandeiras, é nosso pré-candidato à Deputado Federal no RJ.

Infelizmente a lista de famosos engajados é escassa nos anos 2000. Quando chego a esta conclusão sempre me lembro de uma oportunidade que tive em 2005, de participar da Cúpula dos Povos, em Mar del Plata, Argentina. A Cúpula dos Povos era uma evento paralelo à Cúpula das Américas, que reuniria os Presidentes dos países de toda a América.

Na programação da Cúpula dos Povos havia uma grande marcha, uma manifestação contra o imperialismo norte-americano, para demonstrar que o Presidente dos EUA (à época George W. Bush) não era bem-vindo.

Quando estávamos a caminho de Mar del Plata recebemos uma notícia que caiu como uma bomba: ao lado do Presidente Venezuelano Hugo Chavez, na direção da marcha, estaria ninguém menos que Diego Maradona. O camarada Israel Dutra estava comigo e a primeira coisa que imaginamos foi uma marcha no Brasil, contra Bush, em que Pelé estivesse na "linha de frente", seria um estouro, mas infelizmente como sabemos, coisas deste tipo no Brasil, só na nossa imaginação.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Wagner Moura: famoso e engajado

Repasso aqui notícia do blog da nossa Deputada Federal Luciana Genro.

Wagner Moura: famoso e engajado
27/05/2010

Em audiência com o presidente da Câmara ontem, fizemos a entrega das mais de 240 mil assinaturas em favor da votação da PEC 438 que determina a expropriação das terras onde for flagrado trabalho escravo. Ali tive a oportunidde de conhecer o ator Wagner Moura, que fez o Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite. Ele tem sido uma espécie de padrinho da PEC, junto com o Movimento Humanos Direitos. Agora o diretor José Padilha está finalizando o Tropa de Elite 2, que conta a história de um deputado que luta contra as milícias no Rio de Janeiro, e para isso tem ajuda do Capitão Nascimento, agora fora da polícia. O personagem é inspirado no deputado do PSOL Marcelo Freixo, que comandou a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio. Conhecendo Wagner Moura pessoalmente podemos comprovar que ele é mesmo um grande ator, pois seu estilo é totalmente diferente do Capitão Nascimento. Uma pessoa muito doce. Também fiquei orgulhosa pois ele disse que conhece e admira o meu trabalho!

A PEC do trabalho escravo foi aprovada em primeiro turno na Câmara em 11/08/2004!! Muito embora a votação tenha sido quase unânime (apenas 10 votos contra, 8 abstenções e 326 votos a favor) desde lá há uma luta “surda” da bancada do agronegócio para impedir que o segundo turno da votação aconteça, o que é necessário para que a PEC vá à sanção presidencial. O Senado já aprovou.

terça-feira, 25 de maio de 2010

MANIFESTO DE APOIO À PRÉ-CANDIDATURA

Repasso aqui o manifesto de apoio à pré-candidatura de Deputado Estadual. Quem quiser pode assinar em comentários, preferencialmente colocando nome, telefone e mail. Quem quiser reproduzir e ajudar na coleta de assinaturas será muito bem vindo. Saudações

POR UMA NOVA POLÍTICA
MANIFESTO DE APOIO À PRÉ-CANDIDATURA DE JURANDIR SILVA PARA DEPUTADO ESTADUAL


É necessária uma nova política. Com novos patamares programáticos e éticos, que contemplem a defesa de um novo modelo de desenvolvimento para a Zona Sul do Estado, desenvolvimento este, que deve ser sustentável economicamente, ecologicamente e socialmente. Resgatando perspectivas para a juventude e os trabalhadores em geral, combatendo intransigentemente a corrupção.
Nos processos eleitorais temos a oportunidade de demonstrar, através da campanha e do voto, nossa indignação com a política tradicional, com a corrupção, com as desigualdades sociais e todas as injustiças que vivenciamos cotidianamente.
Para quebrar o ciclo vicioso da velha política, apresentamos e apoiamos o nome de Jurandir Silva como pré-candidato à Deputado Estadual pelo PSOL. Jurandir tem 26 anos, é Engenheiro Agrônomo, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Universidade Federal de Pelotas. Militou no movimento estudantil, participando do Grêmio do CEFET-RS (hoje IFSUL) entre 2000 e 2002 e do DCE da UFPel, entre 2004 e 2006. É fundador do Partido Socialismo e Liberdade, Presidente do Partido em Pelotas e membro do Diretório Estadual.
A construção de uma nova sociedade e de uma nova política passa pelo fortalecimento de novas alternativas de poder. É neste sentido que apresentamos o nome de Jurandir Silva para disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa, para que, em conjunto com nomes como Luciana Genro e Heloísa Helena, o PSOL possa fortalecer um espaço político à esquerda na sociedade.
Nome
Profissão/Cidade/Local de Trabalho/Bairro
e-mail/telefone

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Transporte coletivo em Pelotas – roleta russa para o povo e de ouro para os empresários

O Jornal Diário Popular encerrou na última terça-feira uma série de matérias sobre o transporte coletivo de Pelotas. O DP baseou-se em pesquisa realizada pelo Instituto Pesquisa e Opinião, sobre a posição dos Pelotenses em relação ao sistema de transporte coletivo.

A pesquisa apresenta dados interessantes: 50 % da população pelotense utiliza diariamente o transporte coletivo. Entre as piores notas dadas pelos usuários estão o preço da tarifa e a superlotação dos ônibus (notas 4 e 6, respectivamente), já as melhores notas são destinadas aos trabalhadores rodoviários – motoristas e cobradores – por seu respeito aos passageiros (notas 8,5 e 8, respectivamente). A nota média para o conjunto do sistema é 6,5.

Há muito o tema do transporte coletivo é debatido em Pelotas. Tal debate ocorre, pois a cada ano um novo aumento na tarifa é apresentado pelos empresários e aceito pela Prefeitura. O aumento é justificado pelos empresários como necessário para reajustar o salário dos trabalhadores rodoviários e repor perdas com o aumento na planilha de custos que apresenta gastos com pneus, combustível, manutenção da frota, entre outros.

O fato é que o percentual de aumento de salário para os trabalhadores rodoviários fica sempre muito abaixo do percentual de aumento da tarifa, e as planilhas de custos das empresas já foram solicitadas inúmeras vezes pelos movimentos sociais da cidade e nunca foram apresentadas.

A conseqüência desta situação é um serviço cada vez mais caro e pior, entre os anos de 2004 e 2009 o aumento acumulado é de 70%. Ao mesmo tempo, a frota é formada por veículos defasados, a maioria das paradas de ônibus não apresenta qualquer tipo de abrigo para os usuários, o número de carros com acesso para portadores de necessidades especiais é muito pequeno, ocorre superlotação em diversos horários, entre outros problemas.

Os sucessivos Governos Municipais foram complacentes com esta situação. Entre o povo e os grandes empresários dos transportes, o poder público lamentavelmente sempre opta pelo lado dos empresários.

O movimento estudantil tem cumprido papel fundamental no combate ao caos no transporte coletivo, a juventude saiu às ruas em diversas oportunidades, tendo o apoio da maioria da população, sem que, infelizmente, este apoio se reflita em mais mobilizações de rua para que a Prefeitura e os empresários se vejam obrigados a recuar.

Desta forma, as ações mais contundentes têm partido do Ministério Público, que em 2007 chegou a impedir o aumento, fazendo com que a tarifa retornasse ao valor do ano anterior, o que durou cerca de um mês. No ano de 2009 ganhou mais peso o tema das licitações das empresas. Por mais incrível que possa parecer, das oito empresas que prestam o serviço de transporte coletivo em Pelotas, apenas duas são licitadas, isto é, um serviço público de suma importância, prestado pela iniciativa privada, sem nenhum tipo de mecanismo de controle por parte do poder público.

Nas últimas semanas o Ministério Público conquistou vitória em liminar que dá seis meses para que seja realizado processo licitatório, a Prefeitura obviamente recorreu e a batalha judicial continuará.

O processo licitatório seria importante, pois estabeleceria regras que as empresas teriam de cumprir, mas é evidente que não podemos nos deter na exigência de licitação. Além desta, é necessário que tenhamos participação popular no estabelecimento das regras, isto seria absolutamente viável a partir de audiências públicas nos bairros.

De nossa parte, opinamos que o sistema de transporte coletivo tem inúmeras falhas, sendo o preço da tarifa a mais limitante de todas. É limitante pois, os sucessivos aumentos fizeram com que uma parcela significativa da população tenha dificuldade e até impossibilidade de se deslocar pela cidade. É neste sentido que devemos avançar em medidas concretas e urgentes para resolver o problema, como o congelamento da tarifa, a existência de passe livre para o conjunto da população, uma vez por semana, para que as pessoas possam no mínimo procurar emprego ou visitar familiares doentes.

A posição das sucessivas gestões municipais em relação ao transporte público é parte de uma política responsável pelo retrocesso econômico de nossa cidade. A população precisa se deslocar para acessar trabalho, qualificação profissional e lazer. Enquanto os empresários lucram muito com o transporte coletivo, o povo permanece no bairro, à mercê da violência gerada pelo tráfico de drogas e o crime organizado. É mais do que hora de mudarmos esta situação, para que a cidade possa retomar o desenvolvimento, contemplando os setores da população que mais sofrem com o atual retrocesso econômico.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Atividades no final de semana

Teremos um final de semana com boas atividades.
No sábado, dia 15 de Maio às 18 h ocorre Plenária de preparação de nossa Pré-Candidatura à Deputado Estadual com a Pré-candidatura do camarada Maicon Nachtigall à Deputado Federal. Será na Sede do PSOL Pelotas, que fica na Rua Padre Anchieta, nº 1586. Aqui teremos um momento de apresentar um pouco do que estamos pensando sobre as pré-candidaturas, bem como ouvir àqueles que quiserem contribuir.
Ainda no sábado, ás 22 h estarei no Programa Força Comerciária,apresentado pelo Alexandre Nunes, ao vivo nos canais 14 da Net e 9 da Viacabo. Falaremos de tema da atualidade, como a crise na Grécia e as votações dos últimos dias em Brasília, como o projeto Ficha Limpa e o fim do Fator Previdenciário.
No Domingo, dia 16, participaremos do almoço de posse da nova diretoria da tradicionalíssima Escola de Samba General Telles, às 12 h no Clube Diamantinos.
À tarde, estaremos em Morro Redondo, participando das festividades em comemoração aos 22 anos do Município.

São excelentes atividades, estão todos convidados.

Atenção para a situação na Grécia

Repasso aqui o texto do companheiro Pedro Fuentes, Secretário de Relações Internacionais do PSOL. É um excelente texto de análise. Boa leitura!

O vulcão grego em erupção
13/05/2010

Em abril passado, a nuvem provocada pelo vulcão da Islândia praticamente paralisou o tráfico aéreo europeu por cinco dias. Há alguns dias, a nuvem voltou a se manifestar, e foi então o momento de fechar aeroportos em Portugal e na Espanha. Trata-se de um fenômeno natural, que costuma ocorrer aproximadamente a cada cem anos.

Porém, há outro vulcão em erupção na Europa, e de natureza distinta ao da Islândia: um vulcão na Grécia. Este outro vulcão pode ter efeitos muito mais drásticos que o fechamento de aeroportos europeus. Na república helênica, o movimento social se assemelha a um vulcão que estourou como resposta aos planos de ajustes do governo social-democrata do PASOK, provocados pela brutal crise econômica no país.

Esta crise grega é um episódio a mais da crise que vive o capitalismo mundial desde 2007, e que se instalou agora com mais força na Europa, ainda que alcance, por enquanto, os países chamados depreciativamente de PIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, Espanha).

O novo desta crise é que o plano de ajuste grego provocou uma intensa onda de luta dos trabalhadores e do povo, que faz recordar as lutas vividas nos fins dos 90 e começos de 2000 na Argentina, Equador e Bolívia, como resposta a situações similares. A diferença é que, naquele momento da América do Sul, a crise mundial não havia estourado com a intensidade com que agora se desenvolve desde a explosão da bolha financeira em 2008 nos EUA, a partir da quebra do Banco Lehman Brothers.

Por isso, sem nenhuma dúvida esta situação grega demonstra algo historicamente novo: confirma-se o que foi escrito nos artigos de Roberto Robaina e Pedro Fuentes, nos quais definimos que, a partir da crise de 2007-2008, entramos num novo período da situação mundial. Um giro histórico que está marcado pela maior crise do capitalismo, econômica e ecológica, por uma polarização social intensa, que é mais favorável aos socialistas e ao movimento de massas. Grécia requer atenção e apoio de todos os partidos e movimentos socialistas revolucionários do mundo. Porque neste país, a combinação entre crise econômica, crise política e resposta social, cria as condições para o surgimento de uma situação revolucionária como antes não se viu, desde décadas atrás na Europa.

Um país quebrado

Como ocorreu na Argentina em 2001, a Grécia também acumulou um forte déficit público e privado, e uma grande dívida externa. A dívida estatal grega ascende à soma astronômica próxima de 300 bilhões de euros e seu déficit orçamentário em relação ao PIB é de mais de 13%. Desta dívida, 95% são títulos nas mãos de bancos europeus, principalmente alemães e franceses.

Num artigo publicado na ARGENPRESS, Manuel Giribets explica como se deu a entrada da Grécia na zona euro, em 2001. Ele denuncia que para lograr esta entrada, os governos gregos falsearam descaradamente os dados econômicos do país. “Goldman Sachs, um dos maiores bancos dos EUA, ajudou a ‘maquiar’ 15 bilhões de euros de dívida externa, como divisas e não como empréstimos em 2001, para que o país cumprisse os requisitos da UE em matéria de endividamento público”, assegura Giribets. Além disso, afirma que por essa operação o banco americano recebeu 300 milhões de euros de comissão, e mais 735 bilhões de euros no falseamento destes títulos a partir de 2002.

Como já vimos, nesta etapa crise, cheia de bolhas criadas por manobras financeiras, balanços fictícios e fraudulentos, os governos gregos também fizeram sua parte, mentindo que o déficit público era de 3,7%. Este era o déficit limite exigido pelos acordos da Comunidade Européia, e os requisitos agora estão saltando pelos ares em muitos países.

Giribets denuncia como o governo conservador – anterior ao atual governo social democrata de PASOK – preferiu endividar-se com os bancos estrangeiros ao invés de aumentar os impostos dos ricos para corrigir o déficit fiscal. A evasão fiscal da burguesia e da alta classe média grega é aterradora. As cifras dizem que 90% dos contribuintes declaram à Fazenda Pública entradas anuais de menos de 30 mil euros. Acredita-se que 20% da população grega ganha mais que 100 mil euros ao ano, ainda que menos de 1% o admitam. Só 15 mil pessoas declaram entradas superiores a 100 mil euros anuais. Irrisório, ainda que nesta conta não se inclua a Igreja, que detém 30% das propriedades do país e não paga impostos.

Daí também se explica o grande endividamento, com dinheiro conseguido através da venda de títulos a bancos europeus. A isso se acrescenta que 30% da economia do país é informal, e que o nível de pobreza alcança 21% da população, enquanto se estima que o desemprego chegue a 20%, afetando especialmente as faixas mais jovens.

A aceleração da crise provocou uma fuga de capitais que não cessa. Em janeiro passado, 8 a 10 bilhões de euros saíram do país, uma cifra superior à última emissão de títulos do Estado.

A crise, crescente em toda zona euro, produziu um estouro da bolha grega. Agora, o governo teve que reconhecer que o déficit alcança 13% (e não 3,7%, como as fraudes permitiram parecer) e que o endividamento supera 100% do PIB, ao que se soma uma dívida privada igual ou maior que a pública.

Os governos da zona euro duvidaram e demoraram no auxílio à Grécia. Finalmente, e depois que as bolsas sofreram uma estrepitosa queda em todo mundo, foi feito um “plano de salvação” da UE com apoio de Obama. Um plano de ajuda que alcança 750 bilhões de euros. Esse plano tem como objetivo evitar a moratória grega, e apoiar as economias comprometidas pela crise.

A contrapartida é um severíssimo plano de ajuste, que no caso da Grécia, é um dos mais ortodoxos e massacrantes que já se conheceu. Faz parte deste plano a redução do salário de todos os funcionários públicos em 10% a 20%; o congelamento de novos empregos por parte do Estado; o aumento da idade da aposentadoria, de 35 anos trabalhados para idade mínima de 63 anos sem considerar os anos trabalhados; o aumento nos preços da gasolina em 10%; a nova lei de impostos para produtos de comércio básico para o povo, que implica aumento entre 8% e 10%. Também o governo de PASOK planeja realizar mudanças radicais na seguridade social, privatizando grande parte desta, como o modelo chileno.

Estas medidas extremas são inevitáveis para um país que está na zona euro, já que por essa dependência não se pode simplesmente desvalorizar a moeda para reduzir salários, como foi feito na Argentina e no Brasil. Isso obriga ao capital os draconianos cortes diretos de salários, como parte do plano de ajustes.

A reação dos trabalhadores e a greve geral

No dia 5 de maio, se realizou uma grande greve geral, com enormes manifestações de massas, incluindo a mobilização de mais de 300 mil trabalhadores na capital Atenas. A greve paralisou tudo: empresas do setor público e privado, pequenas lojas, e até os meios de comunicação. Os taxistas também aderiram. No dia seguinte, várias federações sindicais continuaram os protestos e dezenas de milhares de manifestante rodearão o edifício do parlamento grego, onde se aprovou as medidas do tal plano de ajuste.

Panagiotis Tzamaros, do Partido de Esquerda Internacionalista dos Trabalhadores, comentou que a marcha foi representativa de uma mobilização desde baixo: “Os sindicatos estiveram presentes não só através das federações grandes, mas também os sindicatos locais de trabalhadores tomaram parte com suas próprias faixas. Esse ativismo estabeleceu o tom. A raiva também foi característica da jornada. Dezenas de milhares de trabalhadores gritaram: ‘Hoje e amanhã, mais o tempo que for preciso, todos estamos em greve!’. A fúria inacreditável dos manifestantes inundou o centro de Atenas apesar da chuva sem precedentes de gás lacrimogêneo disparado contra os manifestantes pela polícia”.

A manifestação foi também excepcionalmente política. Os cantos da esquerda revolucionária foram assumidos pela imensa maioria dos manifestantes.

Panagiotis Tzamaros prossegue: “Por outra parte milhares de trabalhadores que votaram a favor de PASOK estavam ali, unindo-se com os partidários da esquerda e atacando um governo a respeito do qual alimentavam ilusões há poucos meses atrás. Agora eles cantavam: ‘Abaixo às medidas de austeridade!’. Esse sentimento também foi abertamente contra a direção sindical. O presidente da Confederação Geral de Trabalhadores Gregos (GSEE, segundo as siglas em grego), que também é um destacado membro do PASOK, foi vaiado por gente de seu próprio partido e isso o obrigou a cortar seu breve discurso”.

Panagiotis Tzamaros conta também que “em 5 de maio, a greve se viu surpreendida pela morte de 3 trabalhadores não grevistas empregados de uma sucursal do banco privado Marfim, que foi incendiado durante a manifestação. Foi comprovado que os trabalhadores do banco tinham solicitado licença do trabalho. Mas sob ameaça de demissão, a gerência os obrigou a permanecer – fato que por si só se tornou uma provocação, já que é bem conhecido que os bancos se convertem em alvos freqüentes durante as manifestações. Os manifestantes atacaram o edifício Marfim. Porém, ainda não foi comprovado se o fogo começou com coquetéis Molotov lançados pelos manifestantes ou com bombas de gás lacrimogênio lançadas pela polícia”.

E continua: “O que está claro é que para reforçar suas fortificações, a direção do banco havia fechado o edifício. Como resultado, quando o fogo se espalhou, os trabalhadores não puderam escapar – com o trágico desfecho da morte de 3 deles”.

O governo de PASOK está tentando usar a trágica morte dos 3 trabalhadores do banco Marfim para fazer frente à enorme resistência da classe trabalhadora do 5 de maio, por meio de uma política “mão de ferro” de “lei e ordem”. Não é casual que o governo tenha pleno apoio do partido de extrema direita fascista na imposição do programa de austeridade do FMI e da UE. O alvo dos ataques da extrema direita não é somente a coalizão de esquerda (SYRZA) e as organizações da extrema esquerda (como foi durante as manifestações de jovens militantes em dezembro de 2008), mas também o mais moderado Partido Comunista.

Finalmente, com apoio da direita as medidas de ajuste foram aprovadas no parlamento. Porém a situação segue aberta e é provável que este ascenso popular se aprofunde, como conseqüência dos grandes avanços que tem feito o movimento social de massas nos últimos anos. A greve geral significou um enorme salto na situação do movimento de massas grego e europeu.

Acúmulo de lutas: a rebelião juvenil de 2008

Quando a crise grega se fez evidente, o governo da ‘Nova Democracia’ (partido herdeiro da direita fascista dos anos 30) iniciou uma política de planos de ajustes, que em geral foi combatida pelos trabalhadores. Greves dos setores públicos foram constantes durante todo período de governo do primeiro ministro Kostas Karamanlis (2004-2009).

A situação do governo ficou crítica no final de 2008, com o assassinato do estudante Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, vítima de um policial que lhe atirou no coração. Esse assassinato gerou uma onda de manifestações massivas e distúrbios no país, efervescência social que não ocorria na Grécia desde as históricas mobilizações, greves e ocupações estudantis de 1973-74, responsáveis pela queda da ditadura dos coronéis imposta em 1965.

O assassinato ocorreu num bairro popular de Atenas, onde os enfrentamentos entre policiais e grupos de jovens anarquistas são comuns. Milhões de manifestantes jovens, fartos da continua violência policial, apoderaram-se do centro de Atenas em questão de horas. Armados com “coquetel molotov” e pedras, os manifestantes atacaram símbolos da polícia, patrulhas, bancos e lojas. No dia 7 de dezembro, os protestos massivos foram espontâneos. No dia 8, uma nova mobilização foi convocada por partidos de esquerda, e unificou as lutas contra a violência policial, contra a crise econômica e contra o crescimento do desemprego entre os jovens. Depois se organizou greves nas universidades e, no dia 10 de dezembro, uma greve geral. As manifestações não pararam, mesmo se restringindo aos partidos de esquerda e, em particular, a setores anarquistas.

Panos Petrou, membro da Esquerda Internacionalista dos Trabalhadores (DEA – sigla em Grego), descreveu a situação nos seguintes termos. “A explosão de ira que se seguiu ao assassinato de Alexis, sintetizou todas as pressões que as pessoas sofreram durante anos: aumento de preços e medidas contínuas de austeridade que foram reduzindo drasticamente os salários dos trabalhadores; sistemática redução de gastos sociais que levou os hospitais, as escolas e os fundos de pensão a beira do colapso”.

A organização protagonista destas manifestações foi a ampla coalizão SIRYZA, da esquerda radical, na qual participam alguns setores socialistas de origem trotskista, entre eles o Partido Internacionalista dos Trabalhadores, e o Sinapysmos, um partido mais amplo dentro do qual coexistem setores mais reformistas. Nessa oportunidade a atuação do Partido Comunista foi decepcionante. Não só porque não fizeram nenhum esforço para organizar e politizar os protestos, mas também porque confundiram o povo com calúnias sobre “manifestantes provocadores”, e se colocaram ao lado daqueles que exigiam restauração imediata da “paz e ordem.”

Outro governo PASOK: mais crise econômica e novos protestos

Menos de um ano depois, no dia 4 de outubro de 2009, o governo de direita sofreu uma dura derrota da social-democracia, do PASOK. Os escândalos de corrupção ajudaram a produzir esta derrota, porém também os 5 anos em que os trabalhadores acumularam experiências amargas com a política neoliberal, especialmente na juventude, com o assassinato do jovem estudante.

Como aconteceu em vários países da Europa, o Governo social-democrata, liderado por Papandréu Jr, eleito com a promessa de mudar a política social da direita, adotou o duro programa neoliberal de austeridade contra os trabalhadores, que nem mesmo a direita se atreveu a implementar.

Algumas das medidas, anunciadas a pretexto de reduzir a dívida, foram as mais duras que a Grécia conheceu. A reação dos trabalhadores, que logo culminaria na greve geral do último 5 de Maio, não demorou. O Sindicato dos Servidores Públicos chamou uma greve em 11 de Março, chamado atendido pela Federação dos Trabalhadores do Setor Privado (GSEE), controlada pelo próprio PASOK. Estas medidas abriram crise inclusive dentro do partido do Governo, enquanto o ascenso social continuou. SIRYZA e o Partido Comunista ocuparam prédios do sistema de seguridade social e estão formando comitês de luta em diferentes cidades, liderados por ativistas e militantes de esquerda.

Ao mesmo tempo, está ocorrendo um fortalecimento da esquerda. No dia 25 de abril, a eleição da nova direção da Federação Grega de Trabalhadores do Setor Privado (GSEE), que até então era controlada pelo PASOK, expressou essa nova força. Ocorreu o 35° Congresso da GSEE, que faz parte da Confederação de Trabalhadores Gregos.

Segundo nos informa Costa Constantino, responsável pela comissão para América Latina do SINASPYSMOS (setor da coalizão SIRYZA), foram 44.000 trabalhadores ao pré-congresso, eleitos 439 delegados, que votaram a nova direção. A chapa aberta da qual participou SINASPYSMOS e outras forças de SIRYZA obteve 07 cargos na nova direção. O Partido Comunista 06 cargos e o PASOK, que era a força hegemônica, outros 06 cargos, ficando em terceiro lugar. Na eleição dos delegados para a Confederação dos Trabalhadores os resultados foram 08, 07 e 03, respectivamente.

Esta nova situação vem fortalecendo a esquerda, que não obteve bons resultados eleitorais em 2009, quando ganhou o PASOK. Segundo os companheiros do Partido Internacionalista dos Trabalhadores, se desperdiçou uma oportunidade. O KKE (sigla em grego para Partido Comunista Grego) ficou em terceiro com 7,5%, enquanto nas eleições anteriores havia alcançado 8,2%.

Por outro lado, SYRIZA conseguiu 4,6% dos votos e a eleição de 13 deputados. Na análise dos companheiros, este resultado se deveu a amplo voto útil no PASOK, para que alcançasse maioria parlamentar própria. O que não ocorreu nas eleições, ocorreu nas ruas e na luta política contra a crise. E as eleições sindicais da GSEE foram uma conseqüência disso.

O que virá? A luta acaba de começar

A greve geral foi o primeiro passo. A crise continua e contagia toda a Europa. Ao mesmo tempo, a mobilização e a greve grega se converteram em um grande exemplo. E como disse Lênin: “se o discurso convence, o exemplo arrasta”. Os sindicatos franceses e espanhóis enviaram delegações para expressar sua solidariedade. Nos países europeus, os sindicatos e ativistas organizaram eventos de solidariedade em frente às embaixadas gregas.

A idéia de uma frente de resistência européia está amadurecendo. Prova disso foi a declaração assinada por numerosos partidos de esquerda, entre eles SYRIZA, o Bloco de Esquerda de Portugal e o NPA da França, entre outros.

É possível que o plano de ajuda de 750 bilhões de euros postergue na Grécia o estalido da crise, porém não será a solução. A economia grega e dos países europeus mais fragilizados não vai se recuperar, e os governos neoliberais serão obrigados a aprofundar os ajustes anti sociais.

Os trabalhadores gregos estão dando um extraordinário exemplo de combatividade e unidade para enfrentar a crise e suas conseqüências. A pergunta é: o que acontecerá quando o ajuste for implementado? O que acontecerá quando os salários dos funcionários públicos forem rebaixados e quando os preços dispararem? O que acontecerá também quando os pequenos poupadores, com medo, saquem todo o seu dinheiro dos bancos?

Recordemos o que aconteceu na Argentina, numa situação similar. Houve uma mobilização geral contra os ajustes, que derrubou um governo numa semana e outro governo na semana seguinte. Naquela crise, o parlamento argentino votou o não pagamento da dívida externa.

Temos confiar que a combativa esquerda grega, que compõe a SYRIZA, atue sábia e unitariamente: medindo os tempos e através de políticas que mantenham viva a mudança de consciência produzida nas massas, graças às mobilizações. E que novas e maiores ações ampliem a experiência da luta grega. Terão que descobrir qual será o ritmo da resposta das massas, frente os futuros episódios da crise.

Como experiência, recordemos que na Argentina depois do “argentinazo” se conformaram grandes assembléias de bairro, que convocaram grandes marchas sob a consigna “que se vaya el gobierno y que se vayan todos” (que se vá o governo, e que saiam todos). A esquerda em vez de atuar unida, respondendo às necessidades do movimento de massas, disputou entre si a hegemonia das assembléias, estabelecendo uma luta entre posições táticas. Assim, perdeu a chance de fazer do “argentinazo” um movimento de avanço na consciência política nas massas. Só assim seria possível criar um pólo político capaz de aprofundar as lutas.

Numa crise desta envergadura, nós, socialistas, temos grandes possibilidades de disputar a direção e a hegemonia do movimento de massas.

É muito provável que, a longo prazo, não só se retomem as grandes mobilizações, mas também se aprofundem as reivindicações. As massas vão fazer sua experiência contra as medidas draconianas de ajuste quando estas se aplicarem, e vão perceber com seus próprios olhos que esta dívida é impagável. Que a grande burguesia não paga impostos e estes recaem sobre o povo pobre. Daí que consignas como o “não pagar a dívida”, “impostos para os ricos e não para o povo”, “assembléia constituinte para reorganizar o país sobre outras bases que permitam terminar com os privilégios dos ricos, nacionalizar os bancos e tirar o poder dos corruptos e do capital estrangeiro” podem estar colocadas.

O vulcão Grego recém começou sua primeira erupção.


Pedro Fuentes, secretário de Relações Internacionais do PSOL

Fonte: Relações Internacionais do PSOL

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nova greve dos operários em Candiota-RS

Candiota é uma cidade do interior do RS. bem perto de Bagé. Conhecida nacionalmente pela produção de energia a partir de usinas termelétricas. Atualmente, funcionam duas usinas, e a Fase C está em construção.
É uma obra muito grande, tem cerca de 2000 operários que lá trabalham. Com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e sob responsabilidade de um consórcio de empresas, comandadas por uma empresa Chinesa.
Os defensores do progresso desenfreado falam “mil maravilhas” da Construção da Fase C da Usina de Candiota, dos recursos investidos, da quantidade de energia que esta nova fase vai gerar, entre outros. Não lhes importam alguns detalhes, que para nós, são muito mais do que detalhes.
Na semana passada os operários da fase C entraram em greve, é a terceira greve em menos de dois anos. A segunda greve foi em Setembro de 2009, isto é, a menos de um ano. Esta segunda greve havia estourado devido à morte de um operário em horário de serviço, de lá prá cá, mais mortes ocorreram.
Quando estivemos lá para prestar apoio aos operários conversamos com muitos deles. Nos relataram o conjunto de barbaridades observadas cotidianamente na obra. Os problemas vão desde os baixos salários, passando pelo não pagamento de insalubridade e periculosidade, chegando a absurdos como a oferta de comida estragada no refeitório e até a morte de trabalhadores durante a jornada de trabalho, algo que lamentavelmente é muito mais comum do que se imagina.
À época os operários saíram da greve depois de duas semanas, com um pequeno reajuste salarial e promessas do consórcio de empresas em relação a melhorias nas condições de segurança e alimentação.
Os problemas não foram resolvidos, por isso começa uma nova greve. Nossa obrigação é cercar de solidariedade e divulgar ao máximo esta mobilização. Além das reivindicações econômicas, há de se salientar que nesta obra são vivenciados graves problemas relacionados aos direitos humanos.
Tal situação é inaceitável em qualquer lugar, mas é necessário observar a especificidade de esta ser uma obra pública, com recursos públicos. Neste sentido, as autoridades não podem manter o silêncio e a apatia com todo este absurdo.
De nossa parte vamos seguir acompanhando e apoiando as mobilizações dos trabalhadores da Usina de Candiota. O Mandato de nossa Deputada Federal Luciana Genro esta a serviço desta luta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Novidades em Rio Grande

Desde a fundação do PSOL, tenho acompanhado o trabalho do nosso Partido em Rio Grande-RS. Por lá temos muitos companheiros que batalham para construir um Partido Socialista com influência de massas. No final de semana conversei mais uma vez com o Públio Ferrari, o Peter, a Priscila, o Abrilino, a Fernanda Fonseca, entre tantos outros.
Nos últimos meses a cidade passou pelo debate da construção de um lixão regional, era uma proposta da Prefeitura, que objetivava construir uma mega-estrutura na cidade para receber o lixo de várias cidades da Zona Sul. Obviamente, a reciclagem de lixo é um tema cada vez mais importante, mas isto não confere ao poder público a possibilidade de implementar usinas de reciclagem sem debater com a população e sem atentar para os impactos ambientais de tais estruturas.
Numa batalha inicial o projeto foi provisoriamente paralisado, a comunidade se mobilizou, fez atos de rua, abaixo-assinado e conquistou. Dentre os mais destacados lutadores contra o projeto do lixão estava o companheiro Paulo Roberto Martins, o Paulo Mano.
O Paulo Mano é militante do PSOL, trabalhou muitos anos como rodoviário, e hoje é servidor da CORSAN. Foi o candidato a Vereador mais votado pelo PSOL em Rio Grande no ano de 2008.
Ficamos muito contentes em saber que o Paulo Mano aceitou ser pré-candidato à Deputado Federal pelo PSOL. Pra mim será uma honra continuar trabalhando com este companheiro, por uma sociedade justa, fraterna e igualitária.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PSOL comemora fim do fator previdenciário!

Diretamente do blog do Roberto Robaina, Presidente do PSOL-RS.

quinta-feira, 6 de maio de 2010


O PSOL gaúcho organiza uma recepção à deputada federal Luciana Genro em seu retorno a Porto Alegre para comemorar a aprovação da lei pelo fim do fator previdenciário, que diminui gradualmente os ganhos dos aposentados. Luciana desembarca no Aeroporto Salgado Filho nesta quinta-feira, 6, por volta do meio-dia, junto com o autor do projeto, senador Paulo Paim.

A militância e todos os apoiadores do projeto são convidados a participar do ato, na área de desembarque dos parlamentares que voltam de Brasília.

Dirigentes do MTL são absolvidos por unanimidade

Repasso notícia importante retirada do site da Deputada Federal Luciana Genro. Sobre a absolvição dos dirigentes do Movimento Terra Trabalho e Liberdade do triângulo mineiro. Vitória parcial! Segue a luta!


05/05/2010
João Batista, Marilda Ribeiro e Dim Cabral estavam condenados em primeira instância a 5 anos e 6 meses de prisão por participarem da luta pela reforma agrária no Triângulo Mineiro
No final de abril, os membros da coordenação nacional do MTL, João Batista e Dim Cabral, e a advogada e dirigente Marilda Ribeiro obtiveram uma importante vitória contra a criminalização imposta sobre eles por estarem, há mais de 20 anos, à frente de importantes lutas pela reforma agrária no Triângulo Mineiro. Condenados por formação de quadrilha, incitação ao crime e extorsão pelo juiz Joemilson Donizetti da Comarca de Uberlândia, os dirigentes foram agora absolvidos, sendo que os quatro desembargadores presentes na seção acataram os recursos por não verem nenhuma prova contra eles.
Como sempre denunciou o MTL, tal tentativa de criminalização tem origem na posição conservadora de promotores e juízes, aliados aos interesses do latifúndio e do agronegócio na região, bem como de políticos e da imprensa local. Os dirigentes lideraram a principal luta agrária do estado de Minas Gerais, na fazenda Tangará, localizada no município de Uberlândia. Ocupada pela primeira vez em 1999, e depois, no ano 2000, por 700 famílias, a fazenda foi palco de vários conflitos provocados pela polícia e por pistoleiros. O povo organizado pelo MTL resistiu contra todas as injustas tentativas de reintegração de posse. O próprio Incra considerou o imóvel como improdutivo, cuja desapropriação foi conquistada no ano de 2002, onde vivem hoje 250 famílias assentadas.
Importante destacar que a defesa do MTL contou com um importante apoio da Conlutas, que articulou a participação da OAB Nacional no caso. Para além dos advogados constituídos pelo MTL, a OAB delegou um importante advogado criminalista de São Paulo na defesa das prerrogativas de Marilda, que sempre atuou na defesa dos trabalhadores sem terra frente às ocupações na região.
O MTL considera essa uma importante vitória, mas uma vitória apenas parcial, seja porque continua a sua luta contra as condenações impostas a João Batista e Dim Cabral em outro processo originário da mesma luta da fazenda Tangará, que aguarda a interposição de recursos para os tribunais em Brasília; seja pelo fato de inúmeros movimentos e organizações do campo e da cidade continuarem a receber todo tipo de criminalização suscitado pelo Poder Judiciário, pelas forças repressivas formais ou pelas forças paramilitares. É preciso que continuemos atentos e unificados contra todas as investidas que tentam buscar artifícios políticos e jurídicos para barrar a luta do povo pobre e trabalhador.
Conclamamos também a manutenção de toda solidariedade a Dim Cabral e João Batista, que continuam lutando contra a condenação, de 5 anos e 4 meses, imposta aos mesmos em razão da legítima luta pela reforma agrária.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bagé -Respeito ao funcionalismo público municipal

Em Bagé também temos luta dos servidores públicos municipais. Assim como em Pelotas e tantas outras cidades, o funcionalismo público e a população sofrem com a falta de prioridade dos Governos.
Repasso aqui, o texto do panfleto escrito pelo companheiro Clodoaldo de Bagé, com minha colaboração. A partir de hoje, o PSOL de Bagé estará distribuino o material na "Rainha da Fronteira".

O governo Petista comandado pelo Prefeito Dudu e seus aliados, conseguiu superar negativamente a si mesmo, ao noticiar o ridículo índice de reajuste de 3% para os funcionários públicos municipais. Tal superação ocorre já que nos dois primeiros mandatos do PT e aliados (PR, PRB, PC do B, PSB, entre outros) o funcionalismo foi arrochado em seu salário como nunca na história desta cidade.

O atual mandatário assumiu o cargo de seu antecessor afirmando a manutenção do salário em dia (nada mais que a obrigação), e prometendo ganho real. Mas pode existir ganho real em um salário de R$ 282,00? Em um vale alimentação de R$ 3,00 ?

Aqui percebemos nada mais que o reflexo do Governo Lula. Que se diz pais dos pobres, mas na realidade é a mãe dos ricos e poderosos, visto que nega aos aposentados e servidores públicos um aumento digno.

Lamentavelmente, para piorar a situação, não podemos depositar esperanças nas entidades que deveriam representar os trabalhadores. Por um lado o Sindicato dos Municipários de Bagé, envolvido em grave crise financeira e política sem precedentes, por outro o Sindicatos dos Professores Municipais, sem nenhuma articulação com a base da categoria.

Os servidores municipais cumprem um conjunto de atividades fundamentais para o conjunto da população, portanto, o problema dos baixíssimos salários dos trabalhadores de Bagé, é um problema de toda a população que necessita de serviços públicos como saúde, educação, entre tantos outros.
É preciso reagir!
È preciso lutar!
Colocamos o nosso partido e o mandato da Deputada Federal Luciana Genro a disposição dos trabalhadores municipais e do conjunto da população de Bagé.
Partido Socialismo e Liberdade - Bagé
Mandato Luciana Genro
clodoaldo.fagundes@yahoo.com
jurandir_psol@yahoo.com.br

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sobre a mobilização dos municipários e o descaso da Prefeitura de Pelotas

Nos últimos dias temos acompanhado o processo de mobilização dos trabalhadores do município. A pauta de reivindicações é extensa. Contempla as reivindicações de reajuste salarial de 13 %, aumento do vale-alimentação para R$ 150,00, implantação no município do piso nacional dos professores, além da pauta permanente, em que se insere também o plano de carreira da categoria.

Cabe lembrar que os servidores municipais são responsáveis por diversas atividades fundamentais no cotidiano da população. Envolvidos diretamente nas mobilizações estão os professores e funcionários de escolas, agentes administrativos, trabalhadores dos postos de saúde, agentes de trânsito, entre tantos outros.

Até aqui, a Prefeitura resumiu-se em responder que o reajuste salarial será de 6%, menos da metade do que os municipários reivindicam, e que o vale-alimentação passará dos atuais R$ 90,00 para R$ 100,00. Além de ficar longe de atender a pauta mais imediata da categoria, o Prefeito Fetter Jr. (PP) sequer comenta os demais elementos da reivindicação.

O que ocorre é que a Prefeitura de Fetter Jr. apresenta um desrespeito e um descaso históricos com a categoria, e como conseqüência imediata, à população pelotense. Os “picos” deste desrespeito se verificam nos momentos de debate sobre as reivindicações dos municipários. Não esqueçamos do episódio em que Fetter mandou cortar o ponto dos trabalhadores mobilizados, ainda no seu primeiro mandato.

Em 2010, novos fatos demonstram ainda mais este desrespeito e fazem ficar mais dramática a vida dos trabalhadores do município e da população mais carente, atingida imediatamente pelo descaso governamental com os serviços públicos.

Arrasta-se há meses na cidade o debate sobre a “reforma administrativa” na Prefeitura. Tudo nos leva a crer que a “tal” reforma administrativa nada mais é do que um rearranjo dos cargos de confiança e dos Partidos que compõem a base de sustentação da atual administração, sem impactos significativos no dia-a-dia da cidade. Atualmente inclusive, na Câmara de Vereadores, esta é a polêmica: vota-se a reforma administrativa ou paralisa-se a pauta a pedido dos municipários. Na primeira semana, a luta dos trabalhadores municipais foi vitoriosa e a reforma administrativa não foi votada.

A outra preocupação do Prefeito está ainda mais longe, se é que é possível, das necessidades populares: em qual chapa para o Governo do Estado estará o seu Partido, o PP, nas eleições de Outubro. Na chapa de Luís Augusto Lara, do PTB, de José Fogaça, do PMDB ou se continuará na chapa de Yeda Crusius, do atual Governo desastroso e repleto de denúncias de corrupção do PSDB no RS. Não esqueçamos que o órgão do Governo Estadual em que há mais denúncias, inclusive comprovadas, é justamente o DETRAN, comandado pelo PP.

Na verdade, a grande preocupação do Prefeito e do PP é a combinação entre a aliança na candidatura majoritária ao Governo do RS com uma aliança proporcional que possibilite melhores condições para o PP alcançar mais cadeiras na Assembléia Legislativa Estadual. Fetter Jr inclusive, tem um elemento a mais para se preocupar, que é o fato de arranjar uma boa aliança na proporcional para ajudar a eleger sua esposa Leila Fetter, pré-candidata a Deputada Estadual.

Com tantas preocupações em relação à Reforma Administrativa na Prefeitura de Pelotas e às alianças eleitorais para Outubro, é evidente que o Prefeito não está se importando muito com a pauta de reivindicações dos trabalhadores municipais.

A resposta a este descaso é a denúncia, o apoio total e irrestrito à luta dos trabalhadores do município, o questionamento em relação à apatia da Prefeitura para os temas da cidade, enfim, no que depender de nós, o descaso e o descanso da Prefeitura tem que ter fim.