O PSOL decidiu lançar candidaturas próprias para as eleições das duas casas legislativas. Chico Alencar (RJ) concorreu à Presidência da Câmara, e Randolfe Rodrigues (AP) à do Senado. "Esta candidatura é uma expressão, um símbolo da necessidade de resgatar o papel do Legislativo na nossa sociedade", disse Chico, em seu elogiado discurso, em defesa de um parlamento ético e independente Para além dos acordos dos partidos, Randolfe obteve oito votos, e Chico alcançou 16.
Randolfe versus Sarney
Os adversários José Sarney e o novo senador Randolfe Rodrigues: rivais na disputa pela presidência do SenadoFoi uma vitória folgada. O maranhense José Sarney, senador pelo PMDB do Amapá, reelegeu-se pela quarta vez presidente do Senado Federal. Com 80 anos de idade e 56 de Parlamento, Sarney é o senador mais longevo da República. Ele recebeu os votos de 70 de seus pares, contra 8 votos de seu adversário, 2 abstenções e 1 voto nulo.
A eleição de Sarney eram favas contadas. A novidade da eleição de terça-feira, 1º de fevereiro de 2011, foi a votação de seu concorrente, Randolfe Rodrigues, 38 anos, primeiro mandato, eleito pelo PSol do Amapá, o mesmo estado pelo qual Sarney se elegeu há quatro anos. Randolfe é o mais jovem senador da República e compõe a bancada do PSol no Senado ao lado da senadora Marinor Brito, do Pará.
Randolfe se lançou candidato à presidência do Senado em cima da hora. Pegou o microfone exigindo o direito à palavra na sessão do Senado, ocupou a tribuna e, sem estardalhaço mas com firmeza, fez um belo discurso, politizado e esclarecedor. Não meteu o dedo na cara do Sarney, mas postulou a renovação da vida política brasileira e reclamou ética republicana na condução dos negócios públicos..
O confronto tornou-se claro. Enquanto Sarney discursou no Senado em tom de despedida, dispondo-se à presidência do Senado como mais "um sacrifício", Randolfe apontou para o futuro e plantou a esperança, para que daqui a meio século o Amapá não esteja na triste situação em que o Maranhão se encontra hoje.
Sarney derramou-se na velha retórica vazia de sempre, mas não deu uma só palavra sobre o Maranhão, estado onde ele e sua família mandam há 5 décadas e que ostenta uma situação do vergonhoso descalabro, refletido no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), na educação pública (pasmem, Sarney é imortal da Academia Brasileira de Letras) e nos mais variados índices sociais.
A recondução de Sarney à presidência do Senado pontua o atraso político em que o Brasil está atolado por conta do tributo que somos obrigados a pagar a um legítimo representante das oligarquias retrógradas que dominam e infelicitam as regiões mais pobres do País, toleradas pelo sistema dominante porque são funcionais à reprodução ampliada do capital, particularmente do capital financeiro.
José Sarney está no poder desde o golpe militar de 1964, quando se elegeu governador do Maranhão com o apoio do general-presidente Castelo Branco, e depois foi senador desse estado por dois mandatos consecutivos. Presidiu a ARENA ("o maior partido do Ocidente"), depois o PDS e, em 1985, quando pressentiu a irreversibilidade do processo de redemocratização do País, em troca da candidatura a vice-presidente, participou da dissidência que organizou o PFL e que resultou na eleição do oposicionista Tancredo Neves. Com a morte de Tancredo, a Presidência da República caiu-lhe no colo.
Paralelamente à vida pública do chefe oligarca, o clã Sarney consolidava seu poderio econômico, com um complexo de negócios cuja face mais visível é o Sistema Mirante de Comunicação, o maior grupo privado de comunicação do Maranhão, proprietário de emissoras de televisão e de rádio e do diário O Estado do Maranhão.
Em 2009, logo após sua terceira recondução à presidência do Senado, Sarney foi notícia na revista inglesa The Economist que, sob o título Onde os dinossauros ainda vagam, classificava a sua eleição como uma "vitória do semifeudalismo". Pouco depois, estourou uma série de escândalos na administração do Senado e foram encaminhados à Comissão de Ética do Senado 11 pedidos de cassação do seu mandato.
Agora, Sarney diz que fará mais um "sacrifício pessoal", que consiste em ficar mais dois anos na presidência do Senado. E, como se não tivesse nada a ver com o escândalo dos "atos secretos", afirmou, com uma invejável cara de pau, que "a ética, para mim, não tem sido só palavras, mas exemplo de vida inteira".
Fonte: www.socialismo.org.br
A HH não conseguiu se eleger senadora em Alagoas por causa da máquina do governo federal a favor de Renan Calheiros e Bié. E na eleição para presidentes da câmara e do senado era de se imaginar que fosse acontecer o mesmo.
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