O país está novamente paralisado assistindo a Copa do Mundo de futebol. Nada de diferente, a cada 4 anos é assim. Mesmo com a tragédia no Nordeste causada pelas chuvas e pela irresponsabilidade dos governantes, o máximo que ocorreu foi um divisão no tempo do noticiário entre a Copa e o Nordeste.
Há no entanto uma diferença interessante na cobertura da Copa da África. A relação entre o técnico da Seleção Brasileira Dunga e a Rede Globo é bastante conturbada, o pico da briga foi no último domingo a noite, após o jogo do Brasil com a Costa do Marfim, o técnico se desentendeu com um jornalista da Globo, dizendo-lhe diversos palavrões.
A resposta da Rede Globo foi imediata: no Programa Fantástico o jornalista Tadeu Schmidt (um dos mais carismáticos da emissora) foi ao ataque contra Dunga, tratando de afirmar que tal comportamento não era compatível com o de um técnico da seleção e que a situação não poderia continuar.
Quem conhece um pouco a influência da Rede Globo no Brasil pode ter pensado que começava ali o “ataque final” contra o técnico, tudo indicava que já na segunda feira pela manhã Dunga sofreria ataques até nos programas sobre culinária.
Não foi assim. Depois do Programa Fantástico, a Rede Globo pouco ou nada comentou sobre o episódio. Fui procurar alguma resposta para isso e encontrei uma hipótese, que me parece bem razoável. No mesmo domingo à noite, minutos depois de acabar o programa que tinha atacado o técnico, o tópico mais comentado no Twitter Brasil era “Cala a boca Tadeu Schimidt”. Tinha se formado uma clara rede de apoio ao técnico, um contra-ataque imediato à emissora mais assistida no país.
Talvez a minha hipótese esteja errada, pode a Rede Globo não ter continuado a briga porque não quis confundir uma briga com o técnico com uma briga com a seleção – um patrimônio nacional – ou por qualquer outro motivo. Mas o “Cala a boca Tadeu Schimidt” é realmente algo forte, “articulado” no Twitter, que nas últimas semanas já se mostrou um excelente mecanismo de pressão nos parlamentares para a aprovação do Projeto Ficha Limpa.
Em tempos de poucas mobilizações nas ruas, o Twitter parece ter substituído a forma como a classe média se manifesta. Não creio que a internet e as inúmeras redes sociais possam servir de padrão para as mobilizações, a maioria da população não tem acesso à rede mundial de computadores, e ainda acredito que o bom e velho “bafo na nuca” seja mais eficiente. Por outro lado, é inegável que as ferramentas virtuais podem ser interessantes. Neste momento por exemplo, o PSOL está organizando através no Twitter doações para as vítimas da tragédia no Nordeste, o que pode dar bons resultados.
Ainda sobre a Copa do mundo, a Rede Globo e o Twitter: está sendo organizado pela internet o “Dia sem Globo” para esta sexta feira. É um convite para que o povo assista ao jogo contra Portugal em outra emissora, mais uma parte da rede de apoio ao Dunga. Se der certo será muito mais Fantástico que o programa de domingo à noite, um golpe na emissora que controla a comunicação no Brasil. Numa dessas, só consigo me perguntar: e se o Lenin tivesse Twitter?
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