Tenho acompanhado com certa atenção as cobranças populares que alguns políticos da cidade têm sofrido por
algumas de suas medidas, bem como, tenho acompanhado as respostas, ou a falta
delas, por parte destes políticos.
Confesso que as tais medidas impopulares, como viagens para
a Europa com dinheiro público e votações favoráveis a projetos indigestos para
o povo não me surpreendem. Não me surpreendem porque não tenho nenhuma
vinculação, nem esperança com tais políticos.
Se as tivesse, particularmente, não seria filiado ao PSOL,
nem colocaria meu nome à disposição para concorrer em nenhuma eleição. Se sou
filiado e aceito indicações para concorrer é porque tenho profundas diferenças
políticas com os projetos e candidatos que atualmente alcançam índices
eleitorais elevados.
O que às vezes me surpreende é que determinados políticos
continuam a debochar da percepção da parcela da população que acompanha
atentamente determinados momentos da política. Assim como me surpreende o fato
de tais políticos terem a cara de pau de ficarem indignados com as cobranças
que sofrem.
Ora, os políticos tradicionais, nos períodos eleitorais, são
as pessoas mais acessíveis do mundo, são simpáticas com todos, acenam, abraçam,
perguntam pela saúde do seu parente, são favoráveis a praticamente todas as
causas e categorias de trabalhadores, montam um circo para fazer campanhas
milionárias e com isso acabam recebendo muitos votos.
Nada poderia ser mais natural, ainda mais em tempos em que
temos a excelente ferramenta da internet para nos comunicarmos de maneira mais
fácil e rápida, que os eleitores perguntem aos seus escolhidos sobre as suas
medidas, e os cobrem em caso de não estarem de acordo.
As cobranças dos eleitores são mais justificáveis ainda em
alguns casos. Há inúmeras situações em que ocorrem verdadeiros estelionatos
eleitorais ou zombarias com o bom-senso. Um Vice-Prefeito viajar para a Europa
no exato momento em que milhares de servidores municipais reivindicam reajuste
para ganhar um pouco mais que o salário mínimo é uma grande zombaria, uma
barbaridade.
Um cidadão que se elege com discurso popular, em defesa dos
trabalhadores não tem o direito de não querer ser cobrado por pessoas que
trabalham e reivindicam um reajuste digno nos seus vencimentos.
A melhor maneira que temos para mudar a situação política é
participar cada vez mais, debater cada vez mais, acompanhar e se informar cada
vez mais. Não esqueçamos também que é fundamental não esquecer. A cada dois anos
temos eleições, voltam os discursos vazios, sem programa e sem ideias, voltam
as campanhas milionárias, os sorrisos, as simpatias e as promessas. Que da
próxima vez não passem!