Muito andei de bicicleta nesta minha vida de 28 anos. Quando "mandinho" lá no Simões Lopes foram várias e várias histórias inesquecíveis curtindo a minha bicicletinha.
O passeio preferencial era a "volta na quadra". Fazíamos corrida dando a volta na quadra. Saíamos pela Avenida Brasil, entrávamos na Araújo Viana, depois na Rua General Sampaio*, Pedro de Toledo e retornávamos à Avenida Brasil. Eu normalmente perdia as corridas, pois era o menor da turma e tinha a menor bicicleta.
Nunca me esqueço da vez que fomos dar a volta na quadra, eu com os joelhos totalmente esfolados de tentar andar sem rodinhas e a mãe segurando o banco, para me dar segurança. Lá pelas tantas olhei pra trás e a mãe tinha me soltado!! Um super susto, mas segui andando e aprendi a andar sem as rodinhas.
Outra vez, na mesma volta na quadra, resolvi sair com a bicicleta do pai. Era uma "grande", com freio torpedo (aquele que se freia girando os pedais em sentido inverso ao do movimento pra fazer a bicicleta andar). Quando fiz, em alta velocidade, a curva da General Sampaio, me deparei com o caminhão do pai do Charles e do Wagner, bem na minha frente! No instinto, freiei no manete. Nestas bicicletas o manete só tem o freio da frente, perdi o equilíbrio e me detonei na queda. Meus joelhos ficaram em "carne viva", uma senhora da quadra da Araújo Viana veio correndo com uma garrafa de coca litro com água para lavar os meus joelhos, até hoje tenho a cicatriz.
Embora nunca tenha parado de andar de bicicleta, desde o início de Fevereiro deste ano tenho saído bastante para pedalar, quase todos os dias. Vou aproveitar esta oportunidade para fazer coro com os milhares de ciclistas da nossa cidade. Pelotas é uma cidade plana, bastante agradável para pedalar.
O que mudou e muito dos meus tempos de Simões Lopes para agora, é que o trânsito atualmente é muito mais intenso. Há muitos carros e andar de bicicleta nas ruas mais movimentadas é um tanto complicado, principalmente nas ruas em que passam os ônibus. Nesta minha breve jornada de ciclista, já quase fui atropelado algumas vezes, sendo que em uma delas fui até perseguido por um ônibus da Empresa Santa Silvana.
Creio que com as condições de relevo propícias para pedalar que temos em Pelotas, poderíamos ter um plano mais pensado para transformar a mobilidade urbana, incentivando o uso de bicicletas, a educação ambiental, a educação no trânsito, construindo ciclovias interligadas que permitam o trânsito seguro de quem pedala para trabalhar ou por lazer.
Pelo que tenho visto, o mundo inteiro está olhando para a bicicleta como um meio de transporte necessário, social e ambientalmente correto, temos que construir as condições para possibilitar a massificação deste meio. Aqui, temos totais condições de fazê-lo, são necessárias mobilizações dos ciclistas e vontade dos governantes.
*Tive que recorrer ao Google Maps para descobrir o nome desta rua, na época chamávamos apenas de Rua de Trás, porque ficava atrás do Castelo, que hoje nem existe mais.